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Modelo de Funcionamento Comunitário

 

O modelo de funcionamento comunitário tem como principal objetivo facilitar o aumento das ligações sociais e os níveis de funcionamento na comunidade. Este modelo nasce a partir da constatação de que as hospitalizações sucessivas não produziam resultados positivos a nível do funcionamento e integração na comunidade e de que as competências aprendidas no contexto hospitalar não eram transferidas e generalizadas para a comunidade. Deste modo, este modelo considerou prioritária a prestação dos serviços na comunidade, passando os profissionais hospitalares a focalizar a sua atividade no ensino de competências no contexto comunitário.

 

O Modelo de Ensino de Competências de Funcionamento Comunitário emerge, assim, como uma estratégia para aumentar as ligações sociais e os índices de funcionamento, bem como minimizar a sintomatologia psiquiátrica e assegurar padrões qualitativamente aceitáveis no dia-a-dia dos participantes. As competências identificadas como necessárias para viver, tão autonomamente quanto possível, na comunidade, incidem em quatro áreas principais:

  • Competências de resolução de problemas do dia-a-dia;

  • Competências vocacionais e habitacionais;

  • Competências de utilização dos tempos livres;

  • Competências nas relações interpessoais.

 

O modelo de funcionamento comunitário, desenvolvido por Stein, Test e Marx (1975), assenta em seis linhas de orientação fundamentais, sendo que a primeira se relaciona com a importância da minimização das hospitalizações, no sentido de prevenir a institucionalização. Em segundo lugar, os serviços deveriam estar focalizados no ensino das competências necessárias para viver na comunidade e esse processo deveria concretizar-se no contexto natural de cada um dos seus utentes. O terceiro pressuposto focalizava-se no desenvolvimento de um trabalho conjunto com os familiares ou com as pessoas do círculo mais próximo, no sentido destes de transformarem em agentes de suporto e colaboração. Em quarto lugar, os profissionais deveriam concentrar a ação na ligação dos utentes aos serviços e apoios na comunidade, proporcionando o suporte necessário à concretização das atividades identificadas como fundamentais para a sua manutenção na comunidade. O estabelecimento de relações próximas com todos os organismos, instituições e indivíduos na comunidade de modo a que, com consistência, todos pudessem colaborar na manutenção das pessoas nesse contexto, constituiu outra área prioritária de intervenção. Por último, os profissionais teriam um papel fundamental no envolvimento permanente dos utentes para que assumissem progressivamente a responsabilidade sobre o que lhes dizia respeito.

 

Este modelo está estruturado de modo a que sejam coordenados um conjunto de serviços e apoios, iniciando-se todo o processo com uma avaliação individualizada e definição de um plano individual de integração.

Ornelas, J. (2008). Modelos de Serviços e Suporte Comunitário. Em J. Ornelas, Psicologia Comunitária (pp. 93-105). Lisboa: Fim de Século.

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