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Intervenção Social e Comunitária

Intervenção social:

“a alteração das regularidades sociais entre indivíduos, grupos, associações e instituições, planificadas ou naturais, de carácter nacional ou internacional, com impacto na qualidade de vida da sociedade ou nas circunstâncias de um grande número de indivíduos ou grupos”(Seidman cit in Ornelas, 2008, p.241). Isto é, Ornelas (2008, p.242) define como “processo intencional de interferência ou influência que tem como objetivo provocar a mudança”.

 

  • De acordo com Ornelas (2008) parte-se da avaliação do 2) estado inicial do sistema que se pretende modificar, considerando a estrutura interna, a relação com o meio, história e cultura. A intervenção tem o intuito de 3) interferir ou influenciar a evolução dos componentes, ao ritmo e/ou direcção do desenvolvimento.

4 ) Objetivos e metas fixados de acordo com a direcção que se pretende incutir na mudança, daí se realizar uma avaliação prévia de forma a determinar quais os efeitos desejados a alcançar.

5) Âmbito da aplicação tem em conta a multidimensionalidade e complexidade do desenvolvimento humano. Identificando-se áreas de intervenção: educação, saúde mental, abuso de substâncias, utilização dos tempos livres, sistema judicial, sistema religioso entre outros.

6) Técnicas e estratégias utilizadas implicam o desenvolvimento de práticas inovadoras no domínio psicossocial, político-administrativo, organizativo, saúde pública e o  ambiental ou ecológico.

7) Duração do processo de intervenção social é determinada em função do tipo de mudança que se pretende; dimensão da população a abranger e a profundidade da mudança que se pretende, quer a nível individual, quer institucional          Fatores determinantes na duração do processo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O objeto de Intervenção encontra-se nas Comunidades, Organizações e Instituições caracterizadas por três factores: Complexidade, Evolução Dinâmica e Interação Ecológica (Ornelas, 2008). 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Etapas da Intervenção Comunitária

 

Pressuposto: as comunidades possuem os recursos/competências para gerarem a dinâmica de desenvolvimento (Ornelas, 2008). Daqui decorre que a ênfase é colocada na criação de recursos comunitários, conjuntamente com acções realizadas pela própria comunidade com maior ou menor índice de apoio externo (Ornelas, 2008).

 

Etapas úteis para a descrição do processo de intervenção Comunitária (Fairweather e Davidson cit in Ornelas, 2008, p. 243):
 

(i) Necessidade de investigação da comunidade: caraterização desta; identificação e caraterização de grupo(s) sociais que possam participar na intervenção; grau de concordância entre interesses do programa vs interesses da comunidade.

(ii) Identificação de fontes atuais potenciais de conflito entre grupos com influência.

(iii) Organização de espaços de encontro - debater objetivos do programa e intervenção;

       Identificação de métodos e técnicas que captem o interesse de diferentes grupos temáticos do programa.

 

Breve concetualização:

 

Segundo Ornelas (2008) nos anos 60/70 do século XX surgiu a necessidade de mudar o mundo. Tendo ocorrido muitas mudanças, entre as quais, transformações sociais e inovações que emergiram (Ornelas, 2008). Isto é, novos movimentos: organizações cívicas independentes ou as iniciativas de governança local (Ornelas, 2008). De forma a dar resposta a estes novos desafios ocorreram aprofundamentos nas metodologias de investigação participada com o intuito de apoiar mais eficazmente as organizações, as parcerias e as coligações comunitárias (Ornelas, 2008).  Uma vez que estas têm os mais diversificados propósitos e um papel fundamental na construção de comunidades mais fortes, mais centradas no seu próprio desenvolvimento e mais ancoradas em valores democráticos (Ornelas, 2008). A participação dos cidadãos é uma participação nos processos de decisão da comunidade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Intervenções como (Ornelas, 2008):
 

- Do topo para a base:

Programas de intervenção exclusivamente dirigidos por profissionais;

Processos de decisão centrados nas autarquias.

- Da base para o topo:

Grupos e Organizações de Ajuda mútua;

Associações de Bairro ou de Vizinhança.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os programas de intervenção social terão melhores resultados quando as capacidades dos seus participantes forem respeitadas e tidas em consideração (Ornelas, 2008). Então, deve-se tentar perceber os mecanismos naturais, utilizados pelas comunidades, para fomentar a sua própria sustentabilidade (Ornelas, 2008). Olhando-se para o cidadão como um “perito” e trabalhando-se com ele, no contexto de cada comunidade, na resolução de problemas tentando perceber a forma como estes são resolvidos (Ornelas, 2008).

 

Ideia de construção da comunidade assenta na crença de que certos comportamentos contribuem para as atitudes dos residentes acerca do seu bairro e encorajam a vontade de trabalhar, em cooperação, a seu favor (Ornelas, 2008). Aqui é importante salientar os contextos de vizinhança, uma vez que são os locais onde os laços da comunidade se criam e onde emerge a participação comunitária (Ornelas, 2008).

 

Atitudes cruciais que podem apoiar ou desencorajar a Participação (Ornelas, 2008):

- Sentimento de comunidade e de pertença;

- Preocupação demonstrada pelos outros;

- Acreditar que alguém se preocupa com o próprio.

 

Se o objetivo for: a Compreensão do envolvimento cívico e da participação comunitária. Então as associações de vizinhança devem ser vistas como ideal para intervenção, uma vez que fornecem aos cidadãos a oportunidade de discutir entre si os problemas da comunidade. Possibilitando a promoção da cooperação, encorajando a ação voluntária e salientando o sentimento de comunidade (Ornelas, 2008). Assim, fomentam-se os laços de amizade e de comunidade, enquanto se procuram soluções para interesses comuns.

No contexto associativo, as pessoas interagem enquanto parceiras, desenvolvendo processos de mudança com base em experiências e conhecimento comum (Ornelas, 2008). Isto leva ao aumento da cooperação e da confiança dentro do grupo, possibilitando o alcance dos objectivos do grupo (Ornelas, 2008). Esta confiança interpessoal permite abrir o leque de perspectivas para uma multiplicidade de contactos, interacções e formas de cooperação no interior da comunidade de referência (Ornelas, 2008).

As redes de envolvimento cívico permitem o nascimento de normas de reciprocidade generalizada e encorajam a confiança social (Ornelas, 2008). Desta forma, as redes ligam os indivíduos entre si, facilitando a comunicação e a articulação de diversas acções e permitem a prosseguimento de objectivos para a resolução dos dilemas e problemas da comunidade (Ornelas, 2008).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Assim, a ideia estará na construção de intervenções que perspetivem a comunidade como um todo, a partir da promoção da participação cívica e da consolidação de procedimentos e ações com bases democráticas (Ornelas, 2008).

Segundo Ornelas (2008) o aumento da eficácia conjunta surge da:

- combinação da consciência crítica com a participação efetiva nos processos de tomada de decisão;

- bom nível de desempenho em domínios essenciais para o exercício da liderança comunitária;

- a articulação de problemas comunitários;

- a expressão da ideia da possibilidade de uma comunidade melhor;

- a defesa construtiva e adequada de pontos de vista;

- o ouvir atentamente os outros, incluíndo oponentes;

- a identificação e mobilização de recursos humanos e comunitários;

- entre outros.

A construção de processos de mudança, com base na perspetiva colaborativa, pode advir do envolvimento cívico e do sentimento de comunidade que se interligam com os mecanismos de participação, empowerment liderança comunitária (a nível local) (Ornelas, 2008).

Objetivo da Psicologia Comunitária

 

 

Mudança

 

 

Intervindo nos:

 

 

Com o Intuito de:

 

 

Processos

 

 

Contextos

 

Modificar os ciclos de distribuição dos recursos da comunidade.

Desenvolver novos recursos comunitários e sociais 

Melhoria efetiva da qualidade de vida e bem estar das pessoas.

 

Intervenção Social

 

 

Intervenção Comunitária

 

 

Mudança social

 

 

Mudança Individual

 

Importância do papel ativo e participativo dos indivíduos.

 

Carácter restrito da intervenção.

 

 

Valorizar o grupo alvo.

 

 

Prestação de Serviço Comunitário

 

Suporte ou ajuda entre membros de um grupo.

 

Participação Comunitária

Suporte ou ajuda entre membros de um grupo.

Contributo nas decisões com impacto social.

Processos de mudança com origem no seio da comunidade.

 

Comunidades Locais com preocupações concretas:

 

Fenómenos de intolerância;

 

Taxas de criminalidade e de violência;

 

Sentimento generalizado de não terem poder para nada:

 

PRODUZIR MUDANÇA!!

 

Existindo a necessidade de estruturar as Intervenções Sociais:

 

Facilitando a emergência de comunidades competentes.

Componentes básicos: sistemas de suporte eficazes, grupos de cidadãos mobilizados e com o sentimento de empowerment.

 

Envolvimento Cívico

 

Ligação social

 

Resultados positivos:

- escolas com índices de qualidade mais elevados;

- maior desenvolvimento económico;

- descida de taxas de criminalidade;

 

Governação mais eficaz.

  • Ornelas, J. (2008). Psicologia comunitária. Lisboa: Fim de Século.

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