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Modelo de Reabilitação Psicossocial

O modelo de reabilitação psicossocial resultou da experiência da Fountain House, em Nova Iorque, em 1948, referindo-se a um conjunto de serviços específicos de apoio com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas com doença mental, apoiá-las para que assumam a responsabilidade sobre as suas vidas e funcionem ativa e autonomamente na sua comunidade.

 

Este modelo caracteriza-se pela criação de um Clubhouse ou um Centro Comunitário e pela participação ativa dos seus utilizadores na prestação e avaliação dos serviços. Os princípios de funcionamento baseiam-se na prestação de serviços num contexto normalizante, num ambiente fora do sistema de saúde mental, num modelo não-médico, focalizado no potencial individual e não na doença.

 

A perspetiva de empowerment, associada a este modelo, encoraja os seus membros a manter o controlo sobre as suas vidas, a estabelecer os seus próprios objetivos e participar ativamente nas decisões com eles relacionados, tornando-se agente ativos nos processos de reabilitação em vez de meros recipientes passivos.

 

Os serviços prestados abrangem quatro áreas base que são a social/recreativa, a vocacional, a habitacional e a educacional.

  • Os serviços de apoio na área social/recreativa são estruturados com o objetivo de fortalecer as relações interpessoais dos membros que, habitualmente, se encontram isolados na comunidade e com poucas oportunidades de interação social, proporcionando um conjunto de atividades que aumentam o sentimento de participação social e satisfação pessoal.

  • O domínio vocacional é considerado uma prioridade, pois contribui para a mobilização, reintegração e participação social. As atividades vocacionais transformam os participantes em agentes produtivos, facilitam novas relações e aumentam qualitativa e quantitativamente a mobilidade social.

  • A área habitacional representa também um papel determinante no processo de integração social, sendo disponibilizadas diferentes opções habitacionais, como residências comunitárias e apartamentos. As residências comunitárias possuem, normalmente, um apoio profissional durante 24 horas e um programa intensivo nas áreas dos cuidados pessoais com o objetivo de melhorar a autonomia individual.

  • Os serviços de apoio educacional abarcam diferentes níveis, estando um deles direcionado para a melhoria das capacidades individuais no funcionamento de papéis sociais normais. Neste âmbito, é dada formação a nível de gestão de dinheiro ou de medicamentos, hábitos alimentares, fazer compras, confecionar refeições, utilizar os meios de transporte e de outros recursos diversificados na comunidade. Podem também existir programas de formação dirigidos aos familiares, para deteção de sinais de descompensação e, muitas vezes, prevenção de hospitalizações.

Ornelas, J. (2008). Modelos de Serviços e Suporte Comunitário. Em J. Ornelas, Psicologia Comunitária (pp. 93-105). Lisboa: Fim de Século.

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