top of page

Programas de Integração Comunitária

 
 
Habitação Apoiada

A habitação apoiada tem como intuito dar resposta às necessidades humanas básicas e universais. Sendo esta uma das principais preocupações das pessoas com doença mental, grupos com vulnerabilidades e suas famílias (Ornelas, 2008).

Este programa de integração conjuga o acesso a uma habitação própria e permanente e, a disponibilização de serviços de suporte individualizado e flexíveis (Ornelas, 2008).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

De acordo com Ornelas (2008) foram identificados quatro princípios dos programas de apoio habitacional, que se relacionam, com os esquematizados na figura atrás:

 

  • Princípio da escolha individual – as pessoas escolhem a sua casa, onde vão viver, com quem irão viver e o tipo de suporte que consideram necessitar. A procura de casa tem por base as preferências, necessidades e situação económica. Sendo que todo este processo possibilita à pessoa sentir controlo sobre as decisões do seu quotidiano.

  • “A habitação apoiada preconiza o acesso das pessoas a uma casa própria, alugada ou adquirida através dos seus recursos pessoais, de subsídios de renda ou outros apoios à habitação” (Ornelas, 2008, p. 123). Assim, o alvo será a localização de outras possibilidades que providenciem um equilíbrio entre custo e qualidade.

  • Localização das casas ou apartamentos em bairros mainstream da comunidade, com o objetivo de possibilitar o acesso a outros recursos e serviços e o desenvolvimento de relações de vizinhança e sentimento de pertença à comunidade.

  • Suportes individualizados, flexíveis e não intrusivos são valorizados pelos indivíduos que participam nestes programas. Estes serviços devem ser disponibilizados, de forma individualizada, durante 24horas por dia e 365 dias por ano.

O grande objetivo da habitação apoiada é fornecer aos grupos mais vulneráveis (e.g., indivíduos com deficiências, perturbações mentais) a possibilidade de viverem de forma autónoma, com qualidade e integrados na sociedade (Ornelas, 2008).

 

Emprego Apoiado

O emprego é visto como uma fonte de rendimento, mas também como uma fonte de contactos e de realização pessoal e, por isso constitui um papel fundamental na vida de qualquer indivíduo possibilitando a sua inclusão (Ornelas, 2008). Por outro lado o desemprego está ligado a problemas quer de nível social quer mental (Ornelas, 2008).

Assim, quando se fala em pessoas com doença mental, o emprego é visto como um facilitador em todo o processo de recovery.

O emprego apoiado apresenta, segundo Ornelas (2008), um conjunto de princípios que servem como referencial:

  • Pessoas com doença mental devem ter a oportunidade de emprego de acordo com as suas ambições. Isto implicará uma grande colaboração entre profissionais para que exista uma compatibilidade entre os interesses e as competências da pessoa relativamente àquilo que serão as oportunidades de emprego.

  • Processo de emprego apoiado deve centralizar-se na identificação de objetivos, competências e potencialidades da pessoa, tendo por postulado a ideia de que todas as pessoas têm a capacidade de integração.

  • Emprego apoiado prevê o desenvolvimento de um plano individual de carreira profissional. Este deve ser estruturado de forma a responder aos objetivos, necessidades, experiência e potencial de cada sujeito.

  • Locais de trabalho escolhidos deverão conter todo o tipo de postos de trabalho, incluindo aqueles que exijam especialização e possibilidade de progressão em termos profissionais.

  • Garantir a igualdade de oportunidades e de tratamento no local de trabalho.

  • Consciência da estigmatização que existe sobre a população doente mental tendo impacto na sua aceitação pela comunidade.

  • Emprego apoiado assenta na perspetiva do empowerment em que os participantes são incentivados a participar ativamente e a assumirem a responsabilidade sobre os seus projetos de emprego – tomando decisões e tendo a oportunidade de procurar emprego, ir a entrevistas e negociar condições de trabalho com os empregadores.

  • Apoio familiar é fundamental, principalmente dos pais, mas não é necessário o seu consentimento para a continuação do programa individualizado de emprego apoiado.

  • Intervenção deve enfatizar os processos cruciais de integração profissional, no que diz respeito ao acesso ao emprego, formação em contexto de trabalho e na manutenção, a longo prazo, da situação profissional.

  • Têm o direito a mudar de emprego, candidatar-se a uma promoção e procurar oportunidades de formação no percurso da carreira, mesmo que esteja inserido no programa de emprego apoiado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Componentes de um Programa de Emprego Apoiado (Ornelas, 2008):

 

Planeamento da Carreira: identificação dos resultados pretendidos no emprego, das áreas de interesse profissional, dos talentos pessoais e das qualificações, tirando partido das experiências educacionais e laborais anteriores dos participantes. A eficácia dos programas de emprego apoiado depende da forma como respeitam os valores, as capacidades e as preferências dos participantes.

 

Procura e Obtenção de Emprego: através da criação de bancos de dados atualizados sobre oportunidades de trabalho a partir da pesquisa e contacto permanente com as empresas. Nesta etapa,” os participantes aprendem a procurar e identificar oportunidades de emprego, a elaborar um currículo, a preencher formulários de candidatura, bem como planear uma entrevista ”(Ornelas, 2008, p. 134).

 

Formação em Posto de Trabalho: “permite aos participantes adquirir conhecimentos técnicos e aprender normas profissionais (i.e., assiduidade, pontualidade e a interação com colegas e supervisores) (Ornelas, 2008, p. 135)”.

 

Apoios a Longo Prazo e Defesa Cívica (Advocacy): o acompanhamento a longo prazo (e.g., contactos regulares no local de trabalho, apoio individual fora do horário de trabalho, reuniões conjuntas) parece ter grande sucesso na manutenção da situação profissional.

 

Parcerias Comunitárias: “serviços de emprego apoiado devem promover, na comunidade local, parcerias com diversos serviços e organizações, de modo a maximizar as oportunidades de inclusão social e profissional das pessoas com experiência de doença mental.(Ornelas, 2008, p. 136)”

 

Educação Apoiada

Os princípios base da educação apoiada são semelhantes aos do emprego apoiado, promovendo a integração em escolas e universidades, estando associados a uma perspetiva de empowerment  (a pessoa com doença mental  possui capacidades).

Os objetivos destes projetos assentam na aquisição de novos conhecimentos e a melhoria das qualificações escolares com o intuito de aumentar as oportunidades de empregabilidade e de desenvolvimento de uma carreira profissional

 

Valores da Educação apoiada:

  • Integração – acesso e participação;

  • Autodeterminação – controlo sobre as decisões relacionadas com o seu projeto e contexto escolar, bem como em todas as esferas da vida do participante (base na escolha do indivíduo);

  • Esperança – interesse e vontade em prosseguir os estudos e acreditar nas capacidades e competências que têm para atingir bons resultados;

  • Serviços de apoio individualizado – escolhas de projeto são individualizadas e variadas. Assim os suportes fornecidos deverão atender às necessidades únicas e diferentes de cada estudante de forma específica.

  • Apoio continuado – deve ser prestado enquanto necessitarem dele e quiserem esse apoio.

  • Acessibilidade – disponibilidade de informação sobre os serviços de suporte.

  • Coordenação – colaboração entre vários stakeholders da educação apoiada (e.g., alunos, professores, entre outros) é crucial para o sucesso académico dos estudantes.

Príncipios da Habitação Apoiada

ESCOLHA

Local onde querem viver

Controlo sobre o espaço habitacional

Com querem viver

Controlo sobre os serviços que acham importantes

Componentes de um Programa de Emprego Apoiado

1) Planeamento da Carreira

2) Procura e Obtenção de Emprego

3) Formação em Posto de Trabalho

4) Apoios a Longo Prazo e Defesa Cívica (Advocacy)

5) Parcerias Comunitárias

  • Ornelas, J. (2008). Psicologia comunitária. Lisboa: Fim de Século.

bottom of page