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Desenvolvimento Comunitário

 

Desenvolvimento comunitário é definido segundo Ornelas (2008) como “um processo que parte da participação ativa da comunidade e procura criar as condições económicas, sociais, políticas e ambientais satisfatórias para todos os seus membros, partindo da mobilização das capacidades e recursos da comunidade”(p. 248). Assim, esta metodologia tem por base postulados do uma vez que mobiliza os indivíduos e as organizações duma comunidade no solucionamento dos seus problemas, aumentando, o conhecimento destes sobre a realidade em que estão inseridos, desenvolvendo a sua capacidade de intervenção sobre essa realidade (Ornelas, 2008).

Desta forma, de acordo com Ornelas (2008), a ideia subjacente ao desenvolvimento comunitário é de que a forma para melhorar as condições de vida das populações será através da formação de:

                -Organizações locais participativas;

            -Formação de governos locais (responsáveis pela melhoria das condições habitacionais e de empregabilidade; pela existência de recursos recreativos e de lazer diversificados);

               -Formação de espaços públicos limpos e seguros;

               -Promoção do sentimento de vizinhança;

               -Existência de políticas públicas (não governamentais fortes).

Seis condições fundamentais para o sucesso do Desenvolvimento Comunitário (Ornelas, 2008):

(i) existência de líderes informados e com ligações fortes, externas ao seu contexto;

(ii) compreensão das condições económicas específicas e das suas interdependências com a economia global;

(iii) uma participação pública significativa;

(iv) identificação dos nichos de uma comunidade a nível local, estatal e global;

(v) abertura para a inovação e aceitar possíveis alternativas;

(vi) organizar e maximizar o capital humano e financeiro.

Segundo Ornelas (2008) existem cinco conceitos fundamentais que estão na base do desenvolvimento comunitário:

Capital social –  “nível de integração dos residentes na sua comunidade, através de redes informais, confiança mútua, participação em organizações de caráter cívico e ligações intergovernamentais”(Ornelas, 2008, p.249). O capital social coloca a tónica na consolidação da interdependência dos vários níveis de redes sociais do indivíduo. Devendo, ainda, ser complementado com níveis de intervenção política, económica e ambiental.

Sustentabilidade – “desenvolvimento ecológico saudável a longo prazo”(Ornelas, 2008, pp. 249 e 250). Este aspecto deve ser considerado no processo de renovação dos recursos comunitários. Sustentabilidade económica complementa-se à ambiental o que significa que a não contaminação do ecossistema e a conservação de recursos naturais. Sustentabilidade a nível local corresponde à tentativa de fomentar a participação ativa da comunidade, no que diz respeito aos processos de tomada de decisão. A sustentabilidade política corresponde a políticas governamentais que perdurem apesar de possíveis mudanças de poder. Por fim, a sustentabilidade social corresponde à manutenção e exploração do capital social.

Empowerment  - das populações locais com o intuito de influenciarem políticas e decisões que possam afetar as suas vidas.

Construção de capacidades – a vários níveis, isto é competências individuais, informação e recursos organizacionais. Esta capacidade facilita o alargamento das organizações comunitárias. A junção da construção de capacidades com o capital social baseia-se na ideia de que as comunidades têm nas suas origens o potencial e recursos humanos para responderem apropriadamente às suas necessidades.

Desenvolvimento de novos recursos – a partir de recursos existentes e disponíveis:

               -Recursos físicos (e.g., recuperação de espaços de forma a responder às necessidades da comunidade: parques, jardins-de-infância, entre outros);

               -Recursos sociais, que contribuam para a coesão social e voluntariado;

               -Recursos económicos (e.g., centros de emprego, empreendorismo, entre outros);

               -Nível político (e.g., participação em eleições, existência de líderes comunitários, entre outros).

 

Este é um exemplo do processo de comunitário, uma vez que origina oportunidades para que os indivíduos da comunidade trabalhem conjuntamente no debate e procura de alternativas e soluções para a sua comunidade, fortalecendo as suas relações, recursos e capacidades, promovendo a partilha de liderança, de forma a criar comunidades mais competentes (Ornelas, 2008).

 

Comunidades Competentes
 

É uma comunidade « “que  utiliza, desenvolve ou obtém recursos, incluindo o desenvolvimento abrangente de recursos humanos”» (Iscoe cit in Ornelas, 2008,p. 250). Assim se juntar o conceito de comunidade competente ao conceito de comunidade saudável, ocorre a “conceptualização de comunidade como aquela que continuamente cria ou introduz melhoramentos ao nível de vários contextos que a compõem e que expande os recursos comunitários” (Ornelas, 2008, p. 250).

 

Processos de construção de comunidades competentes e saudáveis
 

Pressupostos (Howat, Cross, Hall, Iredell, Stevenson, Gibbs et al cit in Ornelas, 2008):

(i) Conceção holística da comunidade (i.e., comunidade perspetivada como um todo);

(ii) Mudança deve ocorrer a nível individual e no contexto. Assim, a intervenção comunitária deverá incidir quer no desempenho individual quer nos fatores sociais que afetam a saúde e o desenvolvimento das  comunidades;

(iii) Processo de desenvolvimento deve abranger os assuntos considerados prioritários pelos participantes;

(iv) Promoção da equidade (e.g., na distribuição de bens e de recursos disponíveis);

(v) Intervenções comunitárias devem ser realizadas por etapas e utilizar metodologias combinadas (Multi-level e multi-phased);

(vi) Estabelecer ligação entre o desenvolvimento comunitário e promoção da saúde mental ( reconhecimento da interligação de diversas áreas);

(vii) Envolvimento cívico;

(viii) Construção de parcerias e/ou coligações comunitárias como catalisadores da mudança;

(ix) Interveções concebidas e estruturadas numa perspetiva a longo prazo;

(x) Interdependência e a cooperação entre os diversos sectores da comunidade.

 

 

 

 

  • Ornelas, J. (2008). Psicologia comunitária. Lisboa: Fim de Século.

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