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Avaliação Psicológica e Neuropsicológica

 

Avaliação Neuropsicológica

 

O conceito de Neuropsicologia surgiu no século XX, com Osler mas, segundo Murriel D. Lezak, é a ciência que se dedica ao estudo da expressão comportamental das disfunções cerebrais.

 

A Avaliação Neuropsicológica é o método para a investigação do funcionamento cerebral através do estudo comportamental. Os seus objectivos são auxiliar o diagnóstico diferencial, estabelecer a presença ou não de disfunção cognitiva e o nível de funcionamento em relação ao nível ocupacional, localizar alterações sutis, a fim de detectar as disfunções ainda em estágios inicias. Pretende contribuir para planejamento do tratamento e no acompanhamento da evolução do quadro em relação aos tratamentos medicamentosos, cirúrgicos e reabilitação. E, ainda identificar distúrbios das funções superiores produzidos por alterações cerebrais, desencadeando respostas comportamentais.  

 

A avaliação neurospicológica abrange o diagnóstico diferencial, a identificação do comprometimento das funções cognitivas e a avaliação do grau de deterioro apresentado pelo portador de doença mental.

Neto e cols. (2003 cit in Vieira et al. 2007), defendem que a avaliação neuropsicológica engloba a investigação da capacidade intelectiva do paciente, com o intuito de mensurar as funções cognitivas e o impacto de problemas psicopatológicos sobre o funcionamento cognitivo. Estes autores referem que o uso de testes para a avaliação geral de inteligência inclui as Escalas Weschler, que possibilitam a obtenção de três medidas: quociente intelectual total (nível geral da capacidade cognitiva e de adaptação do indivíduo), quociente verbal e de execução, que representam as modalidades de raciocínio e expressão de caracteres verbais e não-verbais.

A Neuropsicologia, embora tenha as suas raízes na antiguidade tem evoluído no mundo inteiro. Os exames por imagem evoluíram significativamente para Tomografia Computadorizada (desde 1973), Ressonância Magnética (desde 1985) acessíveis para diagnóstico mais preciso de lesões cerebrais. Os diversos centros de pesquisa, hoje mais especializados, desenvolvem trabalhos sobre envelhecimento normal e patológico, distúrbios cognitivos nas epilepsias, alterações de raciocínio nos pacientes psiquiátricos, distúrbios de aprendizagem, distúrbios da fala e outras funções cognitivas relacionados as diferentes patologias do Sistema Nervoso Central. A Neuropsicologia, interessa-se pelas correlações com os exames de imagem, estudos aprofundados das funções corticais e determinação mais precisa do nível de função.

Difere da Avaliação Psicológica por tomar como ponto de partida o cérebro.

 

Avaliação Psicológica

 

Historicamente a Avaliação Psicológica teve início com Spearman e Binet, nos primórdios do século XIX, através do desenvolvimento da teoria da Psicometria, com a construção do primeiro teste de aptidão para crianças.

Actualmente, avaliação psicológica é uma parte importante da actuação profissional do psicólogo, oferecendo um amplo campo de intervenção. A avaliação psicológica recorre ao método da observação e formulação de hipóteses e inferências confiáveis para a prática profissional. (Pasquali, 2001 cit in Vieira et al. 2007)

 

A avaliação psicológica é um processo extremamente complexo de resolução de problemas (resposta a questões) que utiliza vários procedimentos de recolha de dados (testes, entrevistas, análise funcional); os dados obtidos a partir destes métodos são integrados na produção e confirmação de hipóteses acerca do sujeito e do seu problema. (Maloney & Ward, 1976, p. 5).A avaliação psicológica é uma subdisciplina prática da psicologia que serve o objectivo genérico de apoio a processos de tomada de decisão. Variável que depende da questão colocada, das pessoas envolvidas, compromissos temporais e de um número infinito de factores. Como tal, não pode ser reduzido a um conjunto finito de regras específicas, de etapas (Maloney & Ward, 1976, p. 5) ou de “instrumentos.” (Tallent, 1992, p. 4) É também um processo através do qual uma pessoa tenta conhecer, compreender ou formar um juízo ou uma opinião acerca de uma outra pessoa. (McReynolds, 1975, p. iv)

 

  • Procedimento para fazer aprendizagens acerca das pessoas (...), para medir atributos psicológicos (...), ou para obter amostras do comportamento psicológico (Kleinmuntz, 1982, p. 6).

  • Estudo descritivo, compreensivo e explicativo (em função do caso) do comportamento dos sujeitos e dos grupos humanos (Avila-Espada, 1992, p. 62).

  • Processo para compreender e ajudar as pessoas a lidar com os seus problemas (Walsh & Betz, 1994, p. 2).

  • Processo de desenvolvimento de imagens, tomada de decisões e de verificação de hipóteses acerca do comportamento de outra pessoa em interacção com o meio” (Sundberg, 1977, p. 12)

  • Processo orientado por princípios, teorias, e relações empiricamente estabelecidas entre características da personalidade e variáveis teste (Tallent, 1992, p. 186).

  • Identificação das características distintivas de cada caso (Achenbach, 1985, p. 7).

  • Utilização clínica de testes psicológicos para facilitar a avaliação da personalidade (Weiner, 1983, p. 451)

  • Campo da ciência do comportamento, interessada nos métodos de identificação de semelhanças e diferenças entre as pessoas, relativamente às suas capacidades e outras características psicológicas (Weiner, 2013, p. 3).

 

Tarefa profissional que distingue os psicólogos de outros especialistas

  • Área de especialização

  • Autonomia profissional dos psicólogos

  • Singularidade técnico-científica

  • Identificar aquilo que em cada sujeito é único e específico

2011. Código Deontológico da OPP /Princípios específicos / 4. Avaliação psicológica

• 4.1—Natureza da avaliação psicológica.

A avaliação psicológica é um acto exclusivo da Psicologia e um elemento distintivo da autonomia técnica dos/as psicólogos/as relativamente a outros profissionais.

 

Num estudo feito a psicólogos portugueses verificou-se que as Escalas de Inteligência de Wechsler, principalmente a WISC são as mais frequentemente utilizadas, seguidas das técnicas projectivas, nomeadamente o Rorschach. Na opinião dos psicólogos, a frequência de utilização de provas é predominantemente elevada no seu contexto de prática profissional (em particular no escolar e no hospitalar). 

Bibliografia

  • Vieira et al. (2007), Avaliação Psicológica, neuropsicológica e recursos em neuroimagem: novas prespectivas em saúde mental. Aletheia, 26, p. 181-195.

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