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Concetualização

A História da Psicologia está associada à Psicologia na Educação e às Ciências da Educação. Orientada para um sujeito humanizado, a educação respeita ao indivíduo e ao social, e é a principal via de humanidade e sociedade. A educação contém um duplo registo: o da ação pedagógica e o do educando. Esta duplicidade repercute no binómio matricial das ciências da educação e afetou particularmente a Psicologia da Educação. A problemática de complexidade do campo psicológico abre para um quadro epistémico interdisciplinar e para uma longa duração, tendo a racionalidade educativa evoluído do primado do professor para a construção do aprendiz, enquanto construção do eu, desenvolvimento e autonomização da pessoa humana (Veiga e  Magalhães, 2013).

Apesar do seu desenvolvimento, a Psicologia Escolar tem sofrido várias críticas em relação à formação e atuação desse profissional. Essas críticas, geralmente, são direcionadas à discrepância entre o conhecimento aprendido na academia e a realidade de trabalho (Novaes, 1992; Guzzo, 1996; Gomes, 2002; Almeida, 2003 cit in Costa e Guzzo, 2006), à superficialidade dos estágios acadêmicos que, em geral, não propiciam aos estagiários refletir, a partir de sua prática (Novaes, 1992, 1996; Witter, 1992; Guzzo, 1996, 2002 cit in Costa e Guzzo, 2006), e à predominância do modelo clínico e remediativo de atuação profissional nas instituições escolares (Novaes,1996; Gomes, 2002; Torezan, 1999; Del Prette, 1999 e Almeida, 2002 cit in Costa e Guzzo, 2006).

 

De acordo com Guzzo, Martínez e Campos (2006), o psicólogo escolar tem substituído o modelo clínico caracterizado por uma intervenção individual dos problemas de aprendizagem e comportamento, para uma prática que envolve diversas ações e que inclui outras formas de intervenção, como a preventiva e a comunitária. No entanto, esses autores salientam que não houve um desaparecimento da forma tradicional de trabalho, mas sim a coexistência de ambas as formas de intervenção.

 

O modelo preventivo surgiu com o objetivo de romper com o modelo médico, focado na doença e no indivíduo, que não atendia ou resolvia os problemas decorrentes da maioria da população. Lacerda e Guzzo (2005), ao fazerem uma análise crítica do percurso da prevenção, consideram que essa perspectiva emergiu de um profundo questionamento sobre o modelo focado na doença e nas práticas remediativas e individualistas da psicologia. A mudança do paradigma de deficiência, como algo inerente para uma perspectiva contextualizada dos impactos culturais, históricos e sociais na constituição do individuo, ocasionou a busca de estratégias que visam à transformação de uma realidade que produz sofrimento. Por essa razão é que a intervenção preventiva foi criticada, especialmente, pelo fato de que a intervenção preventiva vai de encontro aos interesses de classe (Costa e Guzzo, 2006).

 

Contextos de intervenção

 

Campos de intervenção do psicólogo escolar:

  • A classe: exame da situação a pedido dos interessados, experimentação das inovações e avaliação dos métodos pedagógicos

  • O aluno: prevenção da inadaptação e do insucesso escolar, exame do aluno em dificuldade e em situação de insucesso (atrasados, pouco dotados, perturbações de linguagem e de personalidade) e orientação escolar (Exames psicológicos, entrevistas…)

  • A família: significação da inadequação no “vivido” familiar, anamnese da situação

  • Professores: a sua atuação a nível do aluno e da classe

  • Investigação: tende a centrar-se hoje na personalidade do aluno e na relação educativa professor-aluno.
     

O psicólogo escolar deve atuar predominantemente, mas inseparavelmente, conforme os casos, a nível:

  • Psicológico: psicologia individual (diferencial e evolutiva) e grupal (interação dos alunos entre si e com o professor na turma)

  • Casos normais e anormais (crianças inadaptadas)

  • Psicopedagógico (e didático): orientação escolar e profissional, ajuda aos professores sobre novos métodos e programas, luta contra o insucesso, ect

  • Experimental ou de investigação: influência do ensino no comportamento, diferenças sexuais na aprendizagem.

 

O psicólogo escolar deve antes prevenir do que remediar e principalmente deve promover!

 

Formas de intervenção

 

O psicólogo escolar pode intervir sob três rubricas:

  • Psicologia individual: auxiliar o professor a “conhecer a criança não só nas suas particularidades individuais, mas também na sua evolução psicológica” – preocupação diferencial e genética. O psicólogo pode levar os professores a analisar melhor os fracassos escolares, a orientar a criança, a compreender melhor o rendimento, distinguindo entre crianças mais ou menos dotadas

  • Psicologia de grupo: estudo do ambiente escolar, da turma, atento à interação da criança com o seu ambiente que é principalmente a turma (relação com os colegas e com o professor)

  • Plano da investigação, observando particularmente o comportamento dos alunos em todas as dimensões: afetiva, cognitiva, etc 

 

Nível de formalização escolar
 

Existem três niveis de formalização escolar:

  • Formal – Os processos são específicos e planeados em função dos objetivos específicos de instrução e são dirigidos aos contextos escolares existentes, tem uma intencionalidade claramente  planeada  para atingir os objetivos. É entendida como o sistema educacional institucionalizado

 

  • Informal – A função educativa não é dominante mas inclui processos educativos que estão interligados com outros objetivos e processos sociais. Existe acumulação de conhecimento devido às experiências do dia-a-dia.

 

  • Não formal – Existe intencionalidade de educação, no entanto a estrutura em que se insere não tem como objetivo principal a instrução, não apresentando uma estrutura formalizada (por exemplo, na família).

 

Psicologia Escolar e Psicologia Educacional: uma questão de nomenclatura?

Avaliação Psicológica e Neuropsicológica

Áreas | Conteúdos

Tipologias de Intervenção

Abordagens

Bibliografia

  • Lacerda e Guzzo (2005), Precenção Primária: análise de um movimento e possibilidade para o Brasil. Integração em Psicologia, 9 (2), 239-249.

  • Costa e Guzzo (2006), Psicólogo Escolar e Educação Infantil: Um Estudo de Caso. Revista Escritos sobre Educação. Ibinite, 5 (1) p. 05-12.

  • Veiga e Magalhães (2013), "Psicologia e Educação" in Feliciano H. Veiga (org.), Psicologia da Educação. Teoria, Investigação e Aplicação. Envolvimentos dos Alunos na Escola. Lisboa: Climepsi Editores, 27-66.

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